- Pára, Paulo Henrique, pára ! Você está sufocando ela, grita Vilma,a mãe, inconformada com o anda-prá-cá, anda-prá-lá do menino, segurando no peito a cadelinha.
No nosso banheiro de fora,ou banheiro de empregada, pouco usado, fora colocados folhas de jornal, a bacia com água, outra com ração e uma caixa grande de sapatos, mas facilmente pulável pela Djni, o que aconteceu em poucos segundos. Djni ainda estava meio perdidona, fora retirada da segurança da sua galoia e da presença dos seus irmãos para aquele lugar "imenso", uns três passinhos se saia da porta do banheiro para o mundo, mundo que foi dela, o quintal de nossa casa.
Anoiteceu, hora das crianças entrarem e de trancar a porta do banheiro onde ela ficaria segura e confortável, para passar a noite.
- Mas ela vai dormir do lado de fora ? reclamou o menino.
-Ue,vai sim, ela tem de tomar conta da casa, prá isto que a gente a comprou, vai aprendendo, uai, disse eu, jogando uma responsabilidade de todo o tamanho naquele montinho de pelos, não maior do que um melão.
Fala daqui, fala de lá, chegamos ao que o americano chama de "compromise", um acordo em que os dois lados não sabem que perderam, mas, paciência.
E a Djni foi colocada para dormir na cozinha, dentro da caixa, em cima dos jornais, vazilha de água, vazilha de ração, sob a supervisão atenta de seu dono. Atenta e chata, diga-se.
- Não tem caixa maior? eu perguntei.
- Não, não tem não.
- Ela não vai parar dentro da caixa, Paulo Henrique, tome conta então até a gente ver se acha uma maior.
Noite, Jornal Nacional visto, Novela terminada, os dois ainda acordados, super acordados e a Djni, acordada. !
A minha relação com cachorros , se de rua e passando do outro lado da rua, nem presto atenção, se passando na mesma calçada, fico atento, já fui mordido de arrancar pedaço da canela.
Culpa minha, reconheço, mas fui mordido e mordida doi, e mordida na canela doi mais.
Eu tinha então uns 9 ou 10 anos, três décadas prá tráz da noite da primeira noite de Djni na Rua 20, rua sem nome ainda.
E estava passando férias em Queluz, fazenda São Roque, da tia da minha mãe. Férias mãe e eu passavamos em Queluz, terra natal de Da. Elsa. A fazenda tinha dois cachorros e muitos gatos, que viviam em relativa harmonia com os cães, um marron e outro de pêlo preto, nome Duke Os cãe ficavam na porta da porta da fazenda e quando as crianças saiam, saiam juntos, se assim lhes apetecesse.
Naquele dia, quando sai para ir ao Pomar da frente, fui acompanhado pelo Duke. Ia investigar se havia amadurado uma manga rosa em que estava de olho faziam dias, antes de que meus primos fossem atrás, eles que moravam na roça e tinham, naturalmente, muito mais expertice em coisas de roça que eu e que estavam de olho na mesma manga.
Havia perene disputa entre nós, idiota mesmo, já que na fazenda mangas se perdiam apodrecidas debaixo das mangueiras e dentro das gavetas nossas, apanhar mangas era esporte, come-las não, não fazia parte, a gente estava enjoado de manga!
Chego debaixo da manqueira, cato o bambu ali debaixo, miro na manga, dou o golpe, erro. Duke, o cachorro, corre de um lado para outro, colher mangas também era esporte prá ele, que também não comia, mas mordia.
Na terceira ou quarta tentativa, um monte de mangas verdes derrubadas, cai a Desejada.
Duke, mais rápido, vai atrás, morde .
P* a M*,Duke,voce me mordeu a manga! e tasco um pontapé nele. Um belo pontapé.
Duke larga a manga e morde a minha perna, a canela esquerda e morde forte, eu era visita, não era da casa, não podia estar ali distribuindo pontapés.
Eu me lembro de ter sido levado de carro até a cidade, para fazer um curativo enorme na perna esquerda, incomodei meu tio, quanta besteira.
No dia sequinte sento na varanda da fazenda, Duke ali pertinho, se acerca, vem cheirar a minha canela e sai.
Sai trotanto, ar de "Tá vendo,você começou !"
Amanhã a gente continua...
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