sábado, 22 de novembro de 2008

O Pano da Djni


Fazia parte do Manual de Operações Domésticas que da. Vilma passava às empregadas novas o detalhamento de como proceder com relação à Djni,(água, comida, portão) mas o ponto chave era o Pano da Djni.

O pano havia sido uma toalha de rosto quando foi usado para evitar o frio do piso no banheiro de empregada, onde a Djini dormia e onde era trancada sempre que entravam entregadores de gás, pedreiros, estranhos enfim, em casa. Cachorro, mesmo pequeno, se sente no dever de proteger o seu e nosso território. Mas nunca mordeu ninguém.

- Mas eu não posso usar o banheiro ? - era a pergunta de praxe seguida da resposta de praxe:

- Claro que pode, mas quanto usar o vaso, o chuveiro, ela só entra a noite para dormir e se for tomar banho deixe o Pano da Djni aqui fora, ela mesma leva de volta, depois.

A principal função do Pano não era ser cama, era de ser o brinquedo predileto entre ela e o Gustavo.


Quando o Gustavo chegava da rua o Pano era trazido e ela se deitava em cima, aos pés do menino e era a deixa para que ele puxasse as pontas, em seguida a Djni puxava de volta, Gustavo puxava um pouquinho mais e assim as coisas iam num crescendo a lá Dança do Sabre, terminando com a Djni abocanada ferozmente no Pano e sendo rodada, os dois rindo a beça e da. Vilma falando:

-Cuidado com ela!

Mas não era sempre que acontecia a brincadeira, às vezes o Gustavo não estava afim, o que levava a tentativa do Paulo Henrique de intervir a favor.
- Oce não está vendo, Gustavo, como ela está esmolando para brincar?
E a situação piorava, ai que não saia mais nada e a Djni, aborrecida, saia arrastando o Pano prá algum canto.
Mordido, encardido, esfiapado, farrapo puro o que fora uma toalha de mão, não podia ser lavado. Um dos primeiros panos havia sido lavado e seco, mas para ser recusado em devinitivo, até que entre outros panos que serviam de cama um deles fosse eleito baseados em critérios nunca por nós sabidos, o pano da Djni.

Daqui mais a gente continua.

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