quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Djni

Em final de Setembro de 1979 o Paulo Henrique, então com 9 anos, estava nos pedindo um cachorrinho, a gente conversou e viu que seria bom.
Pelo lado prático, uma companhia que poderia tomar conta da casa, no mínimo, latir, já que moravamos num bairro novo, o segundo morador da rua, onde o silêncio da noite era sufocante, barulho só das locomotivas da CSN, manobrando no pátio a quase um quilometro, longe, ou barulho de carro na Auto Estrada.
E barulho dos grilos, como cantavam alto aqueles grilos.

Tudo era novo para nós, haviamos saido da 44, onde a noite se ouvia o surdo ruído dos motores pesados da CSN, o Public Adress System da Sinterização, com as ordens passadas aos operários, para cair numa casa onde, na frente, um lote vazio, a esquerda, uma casa em final de construção, a direita, outro lote vazio,nos fundos mais lotes vazios. O outro morador estava do outro lado da rua, duas quadras a direita. Nada mais, só o mato baixo.
Então fomos à Amaral Peixoto, até uma loja mista de ração, animais e coisas de roça, onde três cachorrinhos da ninhada, dois machos e uma fêmea estavam numa gaiola de arame. Saimos com a fêmea, voto vencido, havia concordado de comprar DESDE QUE FOSSE um machinho, fêmea nos iria dar trabalhos no cio.
Não adiantou, Paulo Henrique não aceitou mesmo, empatia. Amor à primeira vista.
Na volta, perguntei:
-E o nome, Paulo Henrique?
- Vai ser JINI.
- Jeane ? , perguntei . Um seriado famoso na TV Jeane é um Gênio, seria a origem do nome.
- Jini. Não, vou chamar de DJNI, fica mais bonito. Aos nove,PH já lia e lia muito.
- Como ?
- "D" "J" "N" "I" .Inventei agora.
E inventado ficou.

Haviamos comprado uma coleira, que mesmo no último ponto se revelou enorme e só começou a ser realmente usada alguns dias depois, um pouco de ração, vazilhas de água e de comida.
O mínimo.
Fomos para a casa, achou-se uma caixa de sapatos, estenteu-se jornal pro chão e lá ficou a Djni para passar sua primeira noite, no chão da cozinha, dentro da caixa de sapatos, dando início no que foi o mais profundo, agradável, amigável, um relacionamento entre um animal de estimação e seus donos (quem era dono de quem?) e que durou quase dez anos.

Amanhã a gente continua.

3 comentários:

Unknown disse...

Pois é... um amigo cachorro a gente compra e bota numa caixinha de sapatos, e vira amigo para sempre!
Um amigo Paulo a gente bagunça e apelida de Jânio Quadros, forçando a intimidade para JQ! Esse não cabe numa caixa de sapatos...
Vai além da vida e além da simples amizade... Esse não se compra; com um pouco de sorte se ACHA não grande WEB. Eu ousaria a dizer que se acha um em um milhão!

Zé Bilau

Blog do Paulo Ferraz disse...

Zezim, quizera eu ser isto tudo, sei que não o sou, até aposentar os meus amigos eram meia duzia de colegas e os do círculo familiar.

Amigos com A maisculo, fiz aqui, na Cassino e isto vem crescendo. Mesmo que as gerações sejam diferentes,poderia ser pai da maioria e até avô de alguns, eu sinto que não existe isto tipo de barreira.

Obrigado,meu amigo.

Felipe disse...

Oi tio...
Então quer dizer que Djn chegou a familia na mesma época que nasci? Que legal...a história da Djni começa onde eu começo tb..

Vou acompanhar agora direto seu blog tio. Gostei muito... vou até anunciar no nosso. Dá uma passada no nosso tb: www.picaretasdatavola.blogspot.com

Beijão
Felipe